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Quinta da Várzea

 

A Quinta da Varzea foi arrematada em hasta pública por Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque, em 1837. Em novembro de 1840, estava Mouzinho à frente do restauro do Mosteiro da Batalha, como inspetor-geral de Obras Públicas, cargo de que seria afastado, por razões políticas, no final de 1843.

 

A aquisição daquela antiga propriedade dos frades da Batalha pode não ter tido uma relação direta com o papel que Mouzinho de Albuquerque viria a desempenhar no restauro do monumento. É conhecida, no entanto, a sua ligação familiar e afetiva à região de Leiria, cidade natal de sua mãe, em que viveu dos 8 aos 17 anos. Admite-se que a sua preocupação com o património monumental português e, em particular, com o estado de abandono e degradação do Mosteiro da Batalha, de que havia sido expulsa a respetiva comunidade em 1834, tenha influenciado a decisão do rei consorte, D. Fernando II, de sensibilizar os órgãos governativos portugueses para o restauro do monumento, tomada após a sua passagem por ele em 1836.

 

Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque, nascido em Lisboa em 1792 e morto no Porto em 1846, foi apenas o primeiro de vários homens notáveis que habitaram a Quinta da Várzea. Entre outros, destaca-se o seu neto, Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque, ali nascido, que viria a ficar conhecido sobretudo pela extensa actividade militar que desenvolveu em África.

 

Ainda que a Quinta da Várzea possa ter prosseguido a sua anterior missão agrícola, os respetivos edifícios sofreram transformações substanciais. Adaptou-se o antigo dormitório seiscentista a residência particular, ligando-o a novos edifícios construídos nas suas traseiras. A varanda deste novo corpo que está voltada para a ribeira, bem como o alpendre da Capela de S. Gonçalo, receberam pilares e colunas de calcário que são obra dos canteiros que então restauravam o Mosteiro.

 

Em busca de sustento para os seus numerosos estudantes, decidiu o Seminário Diocesano de Leiria adquirir a Quinta da Várzea aos descendentes de Mouzinho de Albuquerque, em 1969. Nessa altura, os edifícios mantinham-se intactos e as terras eram de semeadura, pomar, sobral, pastagem, juncal, pinhal e olival. As transformações socioeconómicas das duas décadas seguintes levaram ao declínio das culturas tradicionalmente ali praticadas, à semelhança do que acontecia na Quinta da Cerca, também então pertencente ao Seminário de Leiria. Hoje a Quinta da Várzea, propriedade ainda da Diocese de Leiria, subsiste à custa da silvicultura. Os seus edifícios encontram-se geralmente arruinados devido tanto à falta de manutenção e uso como à prática de graves atos de vandalismo.

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