Home Governo de Portugal DGPC Home UNESCO
English Version

Capela de Nossa Senhora do Caminho

 

A Capela de Nossa Senhora do Caminho estava encaixada no muro da cerca conventual, voltada para a estrada que saía da Batalha para a Golpilheira, não muito longe da Ponte Nova. É difícil imaginar esta implantação na atualidade, uma vez que todo o contexto arquitetónico e paisagístico da Capela se perdeu. Adossados ao edifício vêem-se ainda, no entanto, restos dos muros da cerca. Nas costas da Capela, observa-se também um nicho que estava voltado para o interior da propriedade.

 

A origem da Capela de Nossa Senhora do Caminho não está cabalmente esclarecida. Reza a lenda que um certo frade dominicano encontrou a imagem de Nossa Senhora naquelas paragens da cerca, levando-a de seguida para o Mosteiro, de onde desapareceria para voltar a aparecer no mesmo sítio, por duas vezes mais. O convento decidiu então ali erguer uma capela.

 

A arquitetura da Capela mostra que se trata de um edifício do século XVII ou, pelo menos, reformado nessa época. No seu interior, encontra-se uma imagem recente da Virgem, mas também uma peanha com a inscrição “N.S~DACONCOLACÃO”, em escrita seiscentista. Coloca-se, portanto, a possibilidade de esta Capela ter sido de invocação diversa da atual, isto é, de Nossa Senhora da Consolação. Reforça esta ideia o facto de, só em documentos do século XVIII, começar a aparecer o nome de Rua de Nossa Senhora do Caminho em vez do de Rua de Baixo para a artéria que passa à porta da Capela. Diversas fontes antigas relacionadas com santuários portugueses e, em particular, da Diocese de Leiria, tão-pouco se referem a uma Capela desta invocação.

 

O O Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria, anónimo da segunda metade do século XVII, menciona uma Capela de Nossa Senhora da Consolação no lugar da Canoeira, dizendo que “tem d’obrigação quinze missas cada anno, e é obrigado à fabrica d’ella o morgado que a instituiu, Matheus Trigueiro (…), o qual a mandou fazer”. Estima-se que o lugar da Canoeira coincidisse com o da Capela que hoje conhecemos. É também possível que a invocação da Capela tivesse mudado. Fica por responder a questão da conjugação entre um edifício monástico, a cerca, com um outro, de patrocínio particular, a própria Capela.

 

A Capela de Nossa Senhora do Caminho é propriedade da família Freitas Sampaio, dela recebendo os cuidados que lhe permitem continuar a ser um lugar de devoção dotado de dignidade.

 

Relativamente à invocação que atualmente conhecemos, ela não é estranha com certeza ao costume de, desde tempos medievais, se erigirem capelas à saída de localidades e na proximidade de pontes, com o fim de pedir a proteção divina para jornadas muitas vezes ensombradas por assaltos e assassínios.

rss