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João

 

Uma quantidade inaudita de documentos, datada entre 1483 e 1521, refere um certo mestre João vidreiro (hoje dir-se-ia vitralista), contratado como vidreiro régio do Mosteiro da Batalha. Durante esses trinta e oito anos não encontramos referência a outro artista desta disciplina a laborar na Batalha. Quem era mestre João? Alguns autores afirmaram tratar-se de um artista flamengo. Nenhum dos documentos conservados alude todavia à sua nacionalidade.

 

Sabe-se por fonte documental que os restos de vitrais datados de 1508 existentes na sacristia da Batalha são de mestre João. Não contradizendo o testemunho da tradição quatrocentista dos antigos Países Baixos (preservado de resto em muito escassos exemplares), tão-pouco autorizam o estabelecimento de quaisquer afinidades estilísticas em particular. No entanto, a maneira como foram pintados aproxima-os dos fragmentos da Última Ceia e das Bodas de Caná, que terão saído das mãos do artista. Eminentemente pictural, pode o estilo destas obras evocar distantes ecos da pintura em vidro da segunda metade do século XV, no Brabante e, em parte, na Flandres.

 

A arte de mestre João vem introduzir definitivamente na Batalha as conquistas da visualidade alcançadas pelos pintores do renascimento setentrional, numa linguagem plástica mais próxima da fonte original dessas aquisições do que as posteriores obras do capítulo ou da capela-mor.

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